Mesmo com a rede privada de leitos próxima ao esgotamento, Uberaba ainda tem uma situação quase confortável a nível SUS para o tratamento contra a Covid-19. O último boletim epidemiológico divulgado pela Prefeitura Municipal aponta 102 pessoas internadas na cidade, o que representa 40% de ocupação de UTI e 43% de enfermaria na rede pública e 91% na UTI e 48% na enfermaria da rede privada. 

Segundo o diretor do Hospital Regional, Diego Amad, a rede pública de saúde no combate à pandemia está com o sinal amarelo. Mesmo assim, Uberaba recebeu pelo menos dois pacientes de outros municípios que vivem situação extremamente grave, como é o caso de Monte Carmelo, onde o colapso na saúde é real. 

“Nós passamos por duas fases nessa segunda onda. Uma foi aquela recepção dos pacientes de Manaus, que nós estávamos com uma taxa de ocupação muito baixa. Então nós conseguimos recepcionar esses pacientes naquele momento. Se você falasse isso pra mim na semana passada seria difícil atender esses pacientes porque a nossa taxa de ocupação subiu muito. Nós conseguimos estabilizar a nossa taxa de ocupação. Nas duas semanas nós observamos que a gente vem mantendo a taxa de ocupação entre 28 pacientes na UTI e entre 60 pacientes na enfermaria. Semana passada nós fomos acionados diretamente por secretários de saúde da região, de Coromandel, Monte Carmelo, só que é uma atitude que você tem que tomar via Estado junto com os municípios. A regulação quem faz é o Estado junto com o município de Uberaba. Mas nós recebemos dois pacientes de Monte Carmelo sim na UTI, porque lá parece que o colapso está tomando conta mesmo. Nós recebemos na semana passada dois pacientes regulados de Monte Carmelo”, explica Diego Amad.

Nesse sentido, o diretor pondera que por ser um hospital 100% SUS, ao Regional não é facultada a escolha de aceitar ou negar a internação de qualquer paciente. Segundo ele, o HR é informado via sistema que um paciente “X” está a caminho da unidade para ocupar o leito desocupado, independentemente da região que vier. Na sequência, cabe à administração do Hospital Regional informar a Secretaria Municipal de Saúde, “fazer todo o faturamento antes e quem recebe é o Município. Mas todo paciente que é internado no Hospital Regional é faturado. Aí a verba cai no fundo municipal. O hospital recebe o dinheiro fixo para manter a estrutura dos 40 leitos de UTI e dos 105 leitos de enfermaria”, especifica ele.

Ainda de acordo com Diego Amad, o Hospital Regional tem plena capacidade para aumentar o atendimento aos doentes, caso seja necessário, o que, na sua avaliação, ainda não é. O secretário de Saúde, Sétimo Bóscolo, havia adiantado ao Jornal da Manhã sobre essa possibilidade, afirmando que, em última instância, ainda seria possível acionar os leitos do Hospital São José, caso haja esgotamento total do sistema.

“Hoje nós temos o espaço físico montado no Hospital Regional para a gente chegar a 70 leitos de UTI. Esse é um estudo que nós lá da diretoria junto o Município já realizamos desde o início da pandemia para a capacidade do Hospital Regional chegar a 70 leitos de UTI. Então nós temos o espaço físico, temos onde colocar os equipamentos e deixar os leitos prontos. Um outro segundo passo é a montagem das equipes. Isso demanda um pouco mais de tempo. Lógico, a gente tem que montar equipe de acordo com a necessidade da região. Hoje nós estamos conseguindo atender com 40 leitos”, explica o diretor do Hospital Regional, que aponta a falta de pessoal como o principal fator dificultador para a ampliação de leitos em Uberaba. 

Diego Amad pondera a escassez de profissionais da saúde a nível nacional, mas afirma que, sendo necessário, é possível montar equipe para atender os novos leitos que porventura sejam montados no HR. “É preciso tempo hábil para montar essa equipe, que não está fácil nesse momento. Existe uma escassez de técnico de enfermagem, de enfermeiro, de médico, pra gente conseguir montar equipe para abrir novos leitos. Então, nós temos que sempre estar à frente da taxa de ocupação. (...) Hoje nós temos uma capacidade estrutural no Hospital Regional para a gente ter 60 leitos de UTI abertos. Lógico que montando a equipe conforme a necessidade”, finaliza Amad.


Fonte: Jornal da Manhã - www.jmonline.com.br