Apesar do avanço significativo na vacinação contra a covid-19 em Uberaba, a disseminação de novas cepas da doença e o afrouxamento descompensado de medidas sanitárias podem trazer riscos ao controle da pandemia no município. O infectologista Vitor Maluf, coordenador do Hospital São Domingos, em entrevista à Rádio JM, faz alerta sobre uma possível terceira onda do coronavírus caso o município não consiga manter as taxas de ocupação de leitos e de transmissibilidade baixas.

O médico afirmou que as novas cepas, como a Delta, alteram o código genético da covid-19 e tornam o vírus mais transmissível. Porém, não há confirmação de que a cepa tem capacidade de ser mais mortal que a P1 amazonense, que circula em Uberaba. Desta forma, a gestão deve se ater aos critérios pré-estabelecidos de condução da pandemia, como taxa de transmissibilidade [Rt], taxa de ocupação de leitos e taxa de mortalidade.

“Essa cepa Delta tem uma característica de ser mais transmissível que a P1, amazonense. Se houver aumento de casos desta cepa, poderemos ter, com certeza, uma terceira onda. Aí é fazer um acompanhamento semanal. Se subir a ocupação de UTIs, enfermarias, o [Rt], já é hora de fazer alguma coisa. Se não, vai ser igual antes: ter que abrir leito em cima de leito e ficar contando o número de mortes”, explica Vitor Maluf.

Contudo, o infectologista não acredita que seja o momento de Uberaba regredir as medidas sanitárias em vigência. Ele avalia a situação como “moderada”, mas sensibiliza o poder Executivo sobre a necessidade de mudanças ágeis e em tempo hábil de conter uma nova onda.

A única solução apontada pelo infectologista para deter a pandemia é a vacinação em massa. Ele citou o exemplo de Serrana, em São Paulo, onde os números de óbitos, internações e casos ativos de covid-19 caíram drasticamente após a imunização completa dos moradores com as duas doses. Além disso, Vitor Maluf afirma que todas as vacinas disponíveis em Uberaba são amplamente eficazes contra as novas cepas.

O local com mais registros da cepa Delta, até o momento, é o Rio de Janeiro, com 88 casos mapeados. Em seguida vem o Distrito Federal com 57, São Paulo com 15, Paraná com 13, Maranhão com sete, Santa Catarina com cinco, Rio Grande do Sul com seis, Pernambuco com três, dois em Goiás e um em Minas Gerais.


Fonte: Jornal da Manhã - www.jmonline.com.br